Um workshop de
folclore, uma noite gastronómica, um desfile etnográfico e o espectáculo de
encerramento voltaram a colocar, de 12 a 15 de Agosto, o foco na cultura
popular. A novidade da 33.ª edição do Festival Internacional de Folclore de
Arouca é a exposição que dá a conhecer os 70 anos do Rancho de Moldes, os seus
projectos e protagonistas.
A cultura popular portuguesa e o
folclore internacional voltaram a estar em destaque entre os dias 12 e 15 de
Agosto. O XXXIII Festival Internacional de Folclore de Arouca, organizado pelo
Conjunto Etnográfico de Moldes de Danças e Corais Arouquenses, assinalou os 70
anos de actividade do Rancho de Moldes
e a dimensão internacional foi assegurada pelo grupo moçambicano Xipane-Pane.
O Festival Internacional de Folclore de
Arouca começou no dia 12 de Agosto com uma novidade na programação. A exposição
“Rancho de Moldes – 70 anos de história” foi inaugurada na presença de antigos
e actuais elementos e de outros amigos do grupo, e reúne na sala de exposições
temporárias do Museu Municipal acontecimentos, estórias, projectos e
protagonistas de sete décadas de actividade. Aqui é perceptível que o Rancho de
Moldes soube adaptar-se às profundas alterações e manter-se activo no trilho da
preservação do património e da cultura popular.
A passagem da ditadura do Estado Novo
para a democracia, bem como de um país “orgulhosamente só” para fenómenos como
a globalização, foram desafios que não inviabilizaram o funcionamento do grupo
ao longo de sete décadas. Promotor de diferentes projectos, o grupo assumiu um
papel de reflexão e promoção da cultura popular como matriz da identidade
portuguesa. A exposição poderá ser visitada gratuitamente no Museu Municipal
até 13 de Setembro.
Seguiu-se na quinta-feira o Espectáculo
e Workshop de Dança na Praça Brandão
de Vasconcelos, com a presença do Conjunto Etnográfico de Moldes, do Grupo
Folclórico da Casa do Povo de Válega (Ovar) e o Grupo Folclórico da Casa do
Povo de Santo Espírito (Ilha de Santa Maria, Açores). Nesta noite, o público despiu-se
do seu papel de mero observador e experimentou danças da serra com o grupo de
Moldes e do mar com o grupo de Ovar. Com o grupo da Casa do Povo de Santo
Espírito ecoaram os sons e movimentos da Sapateia e Chamarrita dos Açores.
A Noite Gastronómica decorreu na
sexta-feira, dia 14 de Agosto, e reuniu à mesa os apreciadores da boa mesa e os
pratos típicos de Arouca, Açores e Moçambique. Destaque para os ovos mexidos
com chouriça de vinho, o frango da tasca e a mandioca frita, bem como para as
tradicionais sopas de Espírito Santo, para a matapa de camarão e os rojões com
castanhas. Como sobremesa não faltou o leite-creme, a aletria e a mousse de côco
de Moçambique e biscoitos dos Açores. Este jantar multicultural foi acompanhado
pela música tradicional (ao vivo) de Moçambique, Arouca e Açores.
No sábado à tarde, os grupos convidados
foram solenemente recebidos nos Paços do Concelho pelo Presidente da Câmara,
Artur Neves. Seguiu-se o desfile etnográfico pelas ruas da vila que terminou na
Praça Brandão de Vasconcelos com uma pequena demonstração do grupo moçambicano.
À noite as luzes voltaram-se para o
Terreiro de Santa Mafalda. Apesar da chuva que se fez sentir, todos os grupos
subiram a palco e mostraram o seu folclore, os seus trajes e tocata, as suas
danças, costumes e tradições. O Rancho Regional de Paredes abriu o espectáculo,
seguiram-se o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Santo Espírito, dos Açores, e
o Grupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, representativo da Beira Litoral
(Gândara, Bairrada e Mondego). Ao palco subiu também o Grupo Folclórico de
Santa Marta de Portuzelo, do Alto Minho, o Grupo Típico “O Cancioneiro de
Águeda”, do Baixo Vouga e o Conjunto Etnográfico de Moldes.
O encerramento do espectáculo e da 33.ª
edição do Festival Internacional de Folclore de Arouca foi feito ao som de
ritmos africanos e coube ao grupo Xipane-Pane, representativo de Moçambique.
Apesar da chuva foram muitos os que aguardaram até ao final para ouvir os
embriagantes batuques e ver as típicas danças moçambicanas.
Fonte da direcção do Conjunto
Etnográfico de Moldes afirmou que apesar de alguns contratempos e da chuva que
caiu na noite de sábado, o balanço do festival é bastante positivo. “O facto de
ficarmos a saber a pouco menos de uma semana do arranque do festival, que o
grupo turco Yıldırım Belediyesi
Halkdansları Grubu, por razões
burocráticas, não viria até Arouca, obrigou-nos a uma reestruturação da
programação prevista. Uma reestruturação bem conseguida graças à experiência
acumulada em edições anteriores”.
A direcção mostrou-se, ainda, muito
satisfeita pela capacidade de mobilização dos elementos do grupo e de outros
colaboradores que, de forma voluntária, asseguraram a organização de todo o
evento, salientando que o mesmo “implica uma logística muito significativa”.
“Além de assinalarmos os setenta anos
de actividade do Conjunto Etnográfico de Moldes, conseguimos manter, como tem
sido hábito, uma programação diversificada, e fazer com que durante quatro dias
o património, a cultura popular, a tradição e os saberes do povo fossem os
protagonistas”, concluiu.
Fotografias de Avelino Vieira
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