O Conjunto Etnográfico de Moldes
organizou, pela 35.ª vez, o Festival Internacional de Folclore de Arouca. Com
uma programação diversificada, o evento de cariz etnográfico decorreu de 16 a
19 de Agosto e ficou marcado pela descentralização de atividades para aldeias
da freguesia de Moldes e pelo reforço da representação internacional, com a actuação
de quatro grupos estrangeiros.
O XXXV Festival Internacional de
Folclore de Arouca começou com um workshop
de construção de marionetas em madeira que suscitou a curiosidade e o interesse
junto da população mais jovem do lugar de Ponte de Telhe, em Moldes. À noite,
no Largo da Capela daquela aldeia, contaram-se histórias através de um espectáculo
de Teatro Dom Roberto. As emblemáticas peças «O Barbeiro» e «Tourada
Portuguesa» levaram o público a rir às gargalhadas.
A exibição de «Pelos Trilhos do
Andarilho, um documentário-viagem aos caminhos que Ernesto Veiga de Oliveira
abriu», no Museu Municipal de Arouca, marcou o arranque do segundo dia de
programação. O filme é uma homenagem a Ernesto Veiga de Oliveira e ao trabalho
desenvolvido no âmbito da recolha das vivências do povo português. À noite,
voltou-se à freguesia de Moldes. O espectáculo de cavaquinho - um dos
protagonistas das tocatas portuguesas -, proporcionado pelo Conjunto de
Cavaquinhos Dr. Gonçalo Sampaio, de Braga, deu vida ao renovado adro da Capela
de Santa Catarina, no lugar de Fuste, e permitiu que se ouvisse algumas das
mais tradicionais músicas portuguesas, desde o Minho até ao Algarve.
Na sexta-feira à noite, o Festival
Internacional de Folclore de Arouca regressou ao centro da vila, com o
espectáculo e workshop de dança. Dois
grupos estrangeiros trouxeram música, dança, cor e ritmo à Praça Brandão de
Vasconcelos. O Folklore Ensemble Kujawy, da Polónia, e o Kud Milenko Stojkovic,
da Sérvia, animaram a noite, mostrando as suas danças tradicionais e
envolvendo, uma vez mais, o público que se despiu do seu papel de observador
para participar entusiasticamente na actividade, aprendendo novos passos e
contactando com as culturas dos grupos convidados.
O último dia do festival começou com a
recepção solene dos grupos de folclore nos Paços do Concelho, à qual se seguiu
o desfile etnográfico. Pelas ruas da vila voltaram a desfilar o folclore, o
povo e as suas tradições, o colorido dos seus trajes e os acordes do seu
instrumental. Destaque para os grupos estrangeiros, desta vez vindos de Espanha
e da Lituânia, que foram colhendo admiração e aplausos junto do público que
assistia.
À noite, a cultura popular portuguesa
e a interculturalidade voltaram a assenhorar-se do Terreiro de Santa Mafalda. O
espectáculo de folclore de encerramento do XXXV Festival Internacional de
Folclore não desiludiu e manteve o vasto público atento até ao final. O
primeiro a subir ao palco foi o Rancho Folclórico de Escalos de Cima, de
Castelo Branco, logo seguido do enérgico Grupo Folclórico de Pescadores de
Caxinas e Poça da Barca, de Vila do Conde.
Subiu também ao palco a cultura
espanhola através da atuação do Grupo de Coros Y Danzas “Luis Chamizo” de
Talavera La Real, na qual sobressaiu o ritmo, as danças sincronizadas e as
castanholas habilmente tocadas. Seguiu-se o Rancho Folclórico da Boidobra,
representativo da Covilhã.
Subiu também ao palco o grupo
organizador, o Conjunto Etnográfico de Moldes que, além das habituais
Cana-Verde, Tirana e Vira Valseado, apresentou uma inesperada, muito bem tocada
e dançada e de inigualável beleza coreográfica Cana Verde D’ Oito. O Folkdance
Group “Kauskutis”, oriundo da Lituânia fechou o espetáculo, cativando o público
com a sonoridade da sua música, ligeireza de movimentos, rodopios e o colorido
dos seus trajes.
Com uma programação de quatro dias, o
XXXV Festival Internacional de Folclore de Arouca voltou a colocar o foco na
cultura popular portuguesa e na interculturalidade. Para a organização, a
viagem da cultura popular até às aldeias de Moldes foi uma “aposta ganha”. “A organização
faz um balanço bastante positivo desta 35.ª edição, principalmente porque
conseguiu reforçar os dois pilares que sustentam a programação do festival e
que são a cultura popular portuguesa e a interculturalidade. O facto de termos
conseguido a presença de quatro grupos estrangeiros e termos apresentado um
conjunto diversificado de atividades que mostraram o quanto a cultura popular
portuguesa é rica, como foi o caso do workshop
de construção de marionetas, o Teatro Dom Roberto e o espetáculo de
cavaquinhos, é, para nós, muito satisfatório. Queremos também salientar que,
nesta edição, a organização procurou claramente descentralizar as suas actividades
para onde a oferta cultural é muito mais reduzida comparativamente com o centro
da vila. Esta opção fez todo o sentido e foi uma aposta claramente ganha”,
afirma a vice-presidente do Conjunto Etnográfico de Moldes, Ana Cristina
Martins.
Fotografias de Avelino Vieira
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