sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Retratos do 4.º Encontro de Vozes



O evento decorreu no dia 9 de dezembro, a partir das 15h00, na Igreja de Moldes, e teve como protagonistas as vozes da comunidade, através de grupos informais arouquenses oriundos de Moldes, Tropeço e Alvarenga.

O valor patrimonial do canto popular polifónico e a importância das comunidades locais na sua salvaguarda estiveram em destaque num evento que é a prova de que o Cancioneiro de Arouca ainda vive na memória destas comunidades.

Fotos de Carlos Pinho

Conjunto Etnográfico de Moldes

Cantadeiras de Adaúfe, Moldes (Arouca)



Grupo de Noninha, Alvarenga (Arouca)


Cantadeiras de Ponte de Telhe, Moldes (Arouca)


Cantadeiras de Tropeço (Arouca)



Sergey, Olga e Anastasiia Shtefan (Ucrânia)

Margarida Belém, Presidente da Câmara Municipal de Arouca, com as Cantadeiras do grupo organizador

Encerramento do Encontro de Vozes com todas as Cantadeiras a "botar um a canta"

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Vozes do canto popular encontram-se em Moldes a 9 de Dezembro no 4.º Encontro de Vozes



O Conjunto Etnográfico de Moldes organiza no próximo dia 9 de Dezembro (domingo), o 4.º Encontro de Vozes. O evento decorrerá a partir das 15h00 na Igreja de Moldes e terá como protagonistas as vozes da comunidade, através de grupos informais arouquenses oriundos de Moldes, Tropeço e Alvarenga.
O valor patrimonial do canto popular polifónico e a importância das comunidades locais na sua salvaguarda voltam a estar em destaque num evento que é a prova de que o Cancioneiro de Arouca ainda vive na memória destas comunidades e que é possível resgatar.
Darão voz ao 4.º Encontro de Vozes o Conjunto Etnográfico de Moldes, as Cantadeiras de Adaúfe (Moldes), as Cantadeiras de Noninha (Alvarenga), as Cantadeiras de Ponte de Telhe (Moldes) e as Cantadeiras de Tropeço. Esta edição terá ainda um apontamento internacional, com um grupo da Ucrânia, que confirmará a universalidade do canto popular polifónico.


sábado, 6 de outubro de 2018

Feira das Colheitas 2018

As danças, o cantar, o trajar com brio e, acima de tudo, o orgulho de, a cada ano, voltarmos à Feira das Colheitas e contribuirmos para o engrandecimento da maior manifestação cultural de Arouca.  

Fotos do Município de Arouca







sexta-feira, 3 de agosto de 2018

XXXVI Festival Internacional de Folclore de Arouca: cinco dias dedicados à cultura popular

Dar protagonismo à cultura popular e às comunidades locais sem esquecer a interculturalidade é o mote de mais uma edição do Festival Internacional de Folclore de Arouca. Concertinas, bombos, cavaquinhos e também o adufe e a gaita-de-foles galega e transmontana são alguns dos instrumentos que darão sonoridade e vida a cinco dias de programação da 36.ª edição deste festival, em que a ancestralidade e mestria da cultura popular de matriz rural continuam a ser as traves mestras.

Procurar novos públicos e ir ao encontro das comunidades locais potenciou, pelo segundo ano consecutivo, a descentralização das actividades para as aldeias da freguesia de Moldes. Desta forma, o Conjunto Etnográfico de Moldes proporciona uma oferta cultural nestas aldeias e, sobretudo, contribui para a valorização daqueles que são ainda os portadores de artes e saberes que enriquecessem a nossa identidade.

Mas há novidades. Da Galiza, os regueifeiros trazem a riqueza que resulta do contacto entre povos e mostram uma simbiose que não se subjuga às fronteiras geográficas. As regueifas da Galiza assemelham-se aos nossos cantares ao desafio. O grupo «Foice» vai revelar a mutabilidade da cultura popular e permitirá que se escute sons de agora e de outrora, tanto de Portugal como da Galiza. Ao mesmo tempo, o público poderá aprender os passos das repasseados, das chulas, dos viras e das muinheiras, no workshop de dança.

A importância do saber-fazer continua a ser valorizada com uma oficina de construção e manipulação de bonecos de luva, com a qual se procura introduzir nas artes dos fantoches os mais novos.

O festival encerrará com o «Espectáculo de Folclore» que levará a palco especificidades regionais tão díspares como a identidade marítima de Angeiras e a identidade serrana transmontana dos Pauliteiros de Miranda, entre outras. Nesta noite, não faltará também a exuberância de um grupo da Sérvia, que assegura a internacionalização do festival. 


PROGRAMA  

::: 14 de Agosto 2018 (terça-feira)

22:00 –  Baile com o Grupo de Concertinas do Museu Regional de Cucujães
Largo da Capela, em Ponte de Telhe (Moldes)


::: 15 de Agosto 2018 (quarta-feira)

21:30 – Arruada pelo Grupo de Bombos de Provesende  (Arouca)
Lugares de Aldeia, Outeiro-Meão e Paços (Moldes)

22:00 – Espectáculo com o Grupo de Cavaquinhos da União Popular da Rebordosa  (Lorvão, Penacova)
Centro Cultural e Recreativo de Moldes


::: 16 de Agosto 2018 (quinta-feira)

14:30-17:30 –  Oficina de construção e manipulação de bonecos de luva  (fantoches)
Duração total de 6 horas repartidas pelos dias 16 e 17 Agosto. Informações e inscrições pelo nº: 96 610 81 78 | N.º máximo de participantes: 20 | Idade mínima: 9 anos
Escola Básica de Paços (Moldes)

22:00 –  Teatro Dom Roberto “Barbeiro” e “Tourada Portuguesa” pela Companhia Red Cloud Teatro de Marionetas
Escola Básica de Paços, Moldes


::: 17 de Agosto de 2018 (sexta-feira)

09:30-12:30 –  Oficina de construção e manipulação de bonecos de luva  (fantoches)  (continuação do dia 16)
Escola Básica de Paços (Moldes)

22:00 – Regueifa Galega (cantar ao desafio da Galiza) com Bieito Lobariñas e Josiño da Teixeira
           – Espectáculo e Workshop de dança com o grupo “FOICE”
Praça Brandão de Vasconcelos


::: 18 de Agosto de 2018 (sábado)

18:30 – Desfile Etnográfico
Av. 25 de Abril, Alameda D. Domingos de Pinho Brandão, Pr. Brandão de Vasconcelos

22:00 – Espectáculo de Folclore com
  • Rancho dos Sargaceiras e Marítimos de Angeiras – Matosinhos
  • Rancho Folclórico de Canelas – Vila Nova de Gaia
  • Grupo Folclórico Cancioneiro de Cantanhede – Cantanhede
  • Grupo de Pauliteiros de Miranda – Miranda do Douro (Fonte de Aldeia)
  • Conjunto Etnográfico de Moldes – Arouca
  • Фолклорна група Branko Markovic – Sérvia
Terreiro de Santa Mafalda

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Vozes de Moldes integram comemoração de «Dias do Património a Norte» em Arouca


A iniciativa «Dias do Património a Norte» é promovida pela Direção Regional de Cultura do Norte, em parceria com vários municípios da região Norte, sendo cofinanciada pelo Programa Norte 2020, através do FEDER. 

O primeiro evento desta programação em rede decorreu nos dias 20 e 21 de abril, no Mosteiro Santa Maria de Arouca.
Durante dois dias, as portadas do Mosteiro abriram-se para receber atividades para todas as idades, onde se incluiram visitas-jogo pelo monumento, degustação de Vitela Arouquesa, conversas sobre património e redes do saber e concertos para diferentes públicos. 

O Conjunto Etnográfico de Moldes integrou o Concerto performance criado por grupos de Arouca.

Foto: Município de Arouca

Foto: Município de Arouca

sábado, 13 de janeiro de 2018

«Arouca vista de dentro»







FERREIRA, Albano, Arouca Vista de Dentro: Ruralismo (2)
 In Defesa de Arouca de 16-06-1956, pp. 1 e 3



Foi a Quinta de Drave o solar, melhor diria a matriz de família Martins, hoje espalhada pelas sete partidas do mundo e que há anos se reuniu em congresso familiar no próprio local da Drave

Aqui se juntaram os descendentes de um certo antepassado de nome Francisco Martins, o Primeiro, a que se seguiu outro Francisco Martins, o Segundo, e este para se vincar bem na existência e no futuro teve a feliz sorte de deixar nada mais nada menos de dez filhos, dos quais casaram seis, ramos de um tronco que frutificaram com exuberância e excecional resultado.

Os dois Martins foram paradigmas dum ruralismo tipo, levaram a propriedade à plenitude da riqueza e esplendor dentro do condicionalismo do tempo, da sua situação e possibilidade. Das três quintas de que venho falando, a de Drave foi a mais isolada e, pela paisagem, a amais triste. A actividade daqueles Martins devia ser excecional, excelente a sua qualidade de orientadores e ótimo o seu tino administrativo. Convergiam neles as virtualidades de um páter-famílias, à maneira bíblica.

A Quinta da Drave não dava enchanças para se alargar em terrenos de cultivo, apertada, cingida pelos montes que a rodeiam, mas foi nestes onde eles foram procurar o maior rendimento da propriedade.

O terreno de cultivo cobriria as necessidades de boca, mas era escasso para produzir moedas que, segundo a economia da época, se tornava necessário amealhar. Estas vinham então através da criação de gados. Os montados eram largos, sem vizinhos para repontar, e devia ser motivo de orgulho para a sua visão de lavradores saber que eles eram diariamente percorridos por centenas de cabeças de gado cabrum e lanígero e umas dezenas de bovinos. Por toda a parte se sentiam os espirros dos chibantes e o tilintar rouco dos chocalhos. Como bicho do monte, as abelhas também contribuíam para a sanidade da gente e da bolsa, com o mel e a cera.

Os trabalhos agrícolas e a pastorícia eram não só feitos com a gente da casa mas principalmente com uma teoria de criados, uns dezasseis, que para o jornal não havia onde recrutá-los. Toda essa gente produzia (as mulheres na faina e fiação do linho e da lã) e também consumia e temos diante de nós o que seria esse agregado familiar reunido para a refeição e o problema de o alimentar.

Havia o leite, o mel para o adoçar, os ovos, os produtos delicados da casa, mas a base, a comida de resistência, de substância, estava no caldo e broa, na carne de porco e no «briol», a rica pinga da região que dava alma até Almeida. Quantos cevados seriam sacrificados para proverem a Quinta de carne? Façam as contas e digam lá consigo, depois de verem o resultado: Caramba!

Nas festas do ano, e a mais importante devia ser como ainda hoje é nalgumas cortadas da região, o Entrudo, aparecia então o belo cabrito assado, a massa comprada na feira, e, para remate, a rica sopa seca torrada no forno que era de obrigação acender nos momentos solenes. Quando o almocreve aparecia a berrar de longe a «Frescura»! Havia então o desenjoo da sardinha escorchada assada na brasa e posta, às vezes em com a da fatia de broa, para a encharcar de molho, que era de consolar.

Fora isto, só o farnel de bacalhau frito ou frango assado pela romaria do S. Macário ou do S. Bartolomeu.

O mais do tempo no fundo do alguidar a trabalhar, a comer, a ver o céu e a queiró, e dormir.

Mas os páter-famílias que se sucediam não queriam as moedas amealhadas e os rendimentos da quinta só para guardar. Quando o moço, um dos filhos, criado então na cozinha entre as mulheres, se mostrava ladino e vivo era levado ao Seminário para os estudos e honrar a casa, ser padre. Mas a casa e a família Martins já eram entidades de categoria e representação, e quando as raparigas se mostravam nas festas apresentavam-se bem trajadas e com muito ouro. À missa, a Covêlo, não iam senão montadas em mulas bem tratadas e aparelhadas; os casamentos, ao tempo feitos sem namoro, eram precedidos da escritura de dote. A rapariga não saía de casa com as mãos a abanar; dinheiro, rico bragal de linho e muita limpeza. O futuro dos filhos era assim assegurado para se tornar próspero e prolongado.

Quando veio o primeiro padre o clima social da Drave deve ter sido alterado pela construção e bênção de uma capela para aquele rezar missa. A casa tinha padre e não podia haver maior honra no mundo. Deus estava mais perto e ter missa quotidiana era coisa de que nem todos se podiam gabar. Era honra das capelanias ricas, de cas de categoria.

A família Martins tinha no gérmen o tónus da germinação e da expansão para se desenvolver, se multiplicar em descendência, e quando tocou a trombeta para a reunião no próprio local de matriz, na Drave, feliz ideia de uma padre oriundo dela, aquele vale de Josaphat, a que simbolicamente presidia o espírito do patriarca Francisco Martins, que se queria honrar, deparou-se com uma multidão de pessoas que mais parecia, pelo número e variedade aparente da fortuna, romeiros em demanda do S. Macário! Vencidos, pelos que puderam, os caminhos que de Sul e de Ponte de Telhe levam à Drave, aqui convergiram os representantes da família Martins e então se põe de verificar que o mesmo laço prendia aquela terra o rural de mãos calosas e ásperas com o doutor, o engenheiro, o padre, o industrial, o comerciante, de mãos patrícias e acetinadas, em franca e aberta confraternização familiar, ramos do mesmo tronco e que as contingências da vida e da fortuna tornaram económica e socialmente desiguais, mas naquele momento todos ricos pela comunhão de sangue e origem, de sentimentos e até de farnel!

Tem vindo essa família periodicamente a reunir-se para que nela não entre o mórbus da decomposição, da dispersão, mas não obstante essas refrescadelas de confraternização, a Quinta perdeu a categoria que tivera no passado. Tanto ela como as do Toural e de S. Mamede perderam o seu carácter específico e ate o seu isolamento pelo fácil acesso que todas elas mais ou menos têm. Já o proprietário delas não vive na Quinta e para a Quinta, que a vida e as possibilidades são agora outras, como é bem outro o vinho que produziram pela invasão do «americano» que nelas medra como coisa ruim. Mal se ouvem, ao derredor, os espirros dos chibantes e o tilintar rouco dos chocalhos.  Comparados com o passado todas elas foram chão que deu uvas. Outros tempos, outros meios, outros costumes.

Oxalá que não sejam votadas ao abandono, transformadas em matas de eucaliptos.