quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Rancho de Moldes na 72.ª edição da Feira das Colheitas

O carácter agrícola foi, sem dúvida, o grande foco impulsionador da Feira das Colheitas. No entanto, rapidamente a Feira ultrapassou a sua dimensão agropecuária para assumir, também, a intenção de “fazer ressurgir as antigas tradições populares, assentes no puro regionalismo, quase desaparecidos ou em desuso desde há longos anos” (Brandão, 2000, p.115). 
Este ímpeto é bem visível na quinta edição da Feira das Colheitas em 1948. Em acta de reunião de Câmara (20.09.1948, Livro 40, fls 62), onde se transcreve o ofício do Grémio da Lavoura a solicitar e a fundamentar o pedido de apoio para a organização da Feira das Colheitas, percebe-se que era assumida, de forma inequívoca, a “cultura popular no que ela tem de mais (…) belo – as tradições regionais” como uma das dimensões do certame. Alegava-se a necessidade de continuar o esforço dado que “alguma coisa se tem conseguido de proveitoso neste particular, mas não tanto como é preciso e cumpre que se faça”. Nesse ano, em 1948, premiar-se-ia “os melhores Ranchos que se apresentem ao respectivo concurso, como meio de estimular o gosto pelo folclore regional”.
António de Almeida Brandão (2000, p. 115) ele próprio um dos principais promotores do certame, nas suas memórias publicadas décadas mais tarde reitera que “os organizadores da Feira das Colheitas prestaram ao folclore esse enorme serviço – um altíssimo serviço – fazendo ressurgir das cinzas do passado, os costumes, as danças, os cantares e o próprio traje, há muito em desuso.”
É com consciência deste legado histórico que o Conjunto Etnográfico de Moldes sobe a palco em cada edição da Feira das Colheitas. 
Bibliografia:
Brandão, A. (2000). Memórias de um arouquense As minhas notas: recordações duma vida Rossas no meu tempo. Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões. Coleções «ambientes sociais». Universidade Nova de Lisboa. 





 Fotografias de Município de Arouca